quarta-feira, 10 de março de 2010

Isis Revisitada

O périplo pelo Egipto foi uma jornada de Consciência. Mas foi também um somatório de momentos de «Awareness».
Esta palavra inglesa é difícil de traduzir. Usualmente traduz-se por «consciência», mas ela quer dizer também estar «ciente de», estar «desperto para», estar alerta, dar-se conta. Adamus falou muito de «awareness» neste último shoud, da necessidade de estarmos despertos e cientes de tudo o que nos acontece ou que vai passando por nós. É essencial estarmos despertos, especialmente para o que sentimos, pois o «feeling» é a chave do «dar-se conta» que leva à Integração.

E no Egipto, tudo o que nós sentimos foi avassalador. Para uns mais que para outros, naturalmente, mas creio que todos estávamos despertos para a incessante mexida das energias dentro e fora de nós.
Há 20 anos atrás eu olhava para tudo com olhos profanos, porém lembro-me que tive uma experiência de desconforto imenso no Templo de Filae, dedicado a Isis. Dei comigo inexplicavelmente angustiada e não via a hora de apanhar de novo o barco que me levasse de volta ao hotel flutuante. Filae fica numa ilha a meio do Nilo, perto da barragem de Assuã.

Lembro-me de acariciar os relevos das paredes do Templo e de sentir os olhos marejados de lágrimas e um peso no coração. As figuras recortadas na pedra são duma beleza, duma elegância estonteante. Os contornos dos corpos são revelados através de vestes transparentes magicamente expressas na pedra. Os adornos, os desenhos, é tudo duma elegância, duma delicadeza infinita. Tomei a minha emoção como deslumbramento da alma perante a mão dos artistas, mas tão intensa foi a sensação que ainda hoje me recordo com clareza dos sentimentos punjentes que me surgiram ali, vindos duma sensibilidade profunda e intensa. Um momento de «awareness», de estado desperto, sem dúvida, ainda que eu não soubesse porquê.

Percebi anos depois que fora sacerdotisa de Isis numa vida passada, por sinal uma vida muito rica e profunda, dedicada ao trabalho do Templo. Mas isso não explicava a minha angústia. Como tudo tem o seu tempo, foi necessário encontrar primeiro Norma Delaney e a Respiração da Compaixão, para perceber o resto da história e a razão profunda do meu «desconforto».

Quando observo desapaixonadamente este percurso, percebo quão brilhantes criadores somos, quão cuidadosa e terna é a nossa Essência, levando-nos amorosamente de passo em passo, à medida do nosso despertar, guiando-nos ao encontro dos grandes traumas do passado, para que eles possam ser curados e integrados.
A Escola das Sacerdotisas de Isis começou a ensinar os passos da Integração, a mostrar que o «poder» da cura está em nós e não nos «deuses», começou a ensinar a magia da Respiração da Compaixão. E tão bons resultados advinham dali, que o seu prestígio começou a incomodar os grandes sacerdotes dos templos de Rá, os quais não tardaram em recear uma feroz competição no campo dos óbulos e oferendas e é claro, se apressaram também a denegrir a Escola apresentando-a como uma desleal concorrente ao poder supremo do Faraó, o Sumo Sacerdote da Nação.
Receoso da supremacia moral e espiritual alcançado na Escola de Isis, e ciente do seu inigualável apoio por parte do povo, foram as sacerdotisas exterminadas com requintes de malvadez, violadas, massacradas e mutiladas sob o olhar da sua grã-sacerdotisa, obrigada pela força das armas a contemplar a destruição total dum verdadeiro Templo do Espírito. Diz-se que foram massacradas 6000, em todo o país. A força de Isis recolheu-se, dissolveu-se. Foi o final duma era de iluminação. Mas nós prometemos voltar a pisar aquelas pedras com uma Nova Consciência. E cumprimos.

Só com a luz da nova «awareness» fomos capazes de integrar estes aspectos traumáticos do passado, duma forma serena, suave, sem dramas nem sobressaltos. Foi apenas uma vida, uma experiência. Muitas outras aguardam o mesmo tratamento.

Ao mesmo tempo que respiramos conscientemente para nos conectarmos com a nossa Essência, cada vez mais e mais profundamente, mais cientes nos tornamos das partes e peças que são muito nossas e andam por aí, desligadas de nós. Foram precisos muitos ciclos e muitos milénios para retomarmos o ponto interrompido. Mas que diferença na nossa consciência! Quanta «awereness» conquistámos!

Chegou a era da Integração total.
Chegou a hora da celebração!


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